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Resenhas

Renata Pinheiro

@digaileitoresblog (Instagram)

     Li esse livro sem saber exatamente o que esperar e logo no começo me deparei com um ambiente que poderia me intimidar: a genética, a bioquímica, os avanços da medicina. Não tenho formação na área, e confesso que achei que seria difícil acompanhar. Mas a forma como o autor conduz a narrativa, principalmente através das explicações de Antônio, foi me trazendo para dentro do enredo de um jeito muito natural. Percebi que eu não precisava dominar a ciência para entender o que estava acontecendo, porque a ciência aqui não está isolada dos personagens, mas unida às suas vidas, seus dramas e suas memórias. Muito bom!
     O mistério em torno da morte de Geraldo é um gatilho para que os personagens enfrentem culpas, reencontros e escolhas que carregam tanto peso quanto qualquer fórmula ou sequenciamento de DNA. Essa mistura me lembrou, em certos momentos, o estilo de escrita de Michael Crichton, mas enquanto Crichton tende a acelerar a trama para o espetáculo, Diêgo expande o tempo, dá espaço para que conheçamos Gabriela, Antonio, Carlos e os demais em sua intimidade, como pessoas reais. Isso torna a leitura mais reflexiva e nos aproxima de todos esses personagens.
     O livro também me mostrou algo que admiro muito em boas obras de Sci-fi: a capacidade de tornar compreensível o que parece distante. A genética, os dilemas éticos da manipulação biológica, tudo foi apresentado de forma que eu pudesse acompanhar sem dificuldades. O suspense da narrativa não se perde, e quando o grande ponto de virada chega, é impossível não se surpreender. É de uma inteligência extraordinária!
     Com este livro, vivi duas experiências simultâneas: mergulhei em um enredo de Sci-fi investigativo e cheio de tensão e, ao mesmo tempo, consegui fazer reflexões sobre a fragilidade e a complexidade das nossas vidas. É um livro inteligente, sensível e muito bem executado e endosso com firmeza que, o autor merece ser lido, discutido e admirado! Eu amei essa experiência e tenho certeza de que quem se permitir entrar nesse universo também vai curtir bastante.

Leitor Oculto

@leitor_oculto (Instagram)

     E se todos os nossos conceitos sobre a natureza humana fossem redefinidos? Se tivéssemos o poder de mudar tudo o que nos torna frágeis como espécie? Tal controle seria uma dádiva ou, com o tempo, se tornaria uma maldição?👀
    Quando um renomado cientista, portador de uma doença terminal, põe fim à própria vida, seus mais próximos custam a acreditar. Sua única sobrinha, Gabriela, sofre com a ausência do tio nos últimos anos, enquanto Antônio, seu aluno mais brilhante — hoje professor universitário —, se recusa a aceitar o trágico fim de seu grande mentor.
      Antes de morr3r, Geraldo surpreende a todos ao deixar para Antônio um presente inusitado: uma célula de seu tumor para ser estudada.
     A princípio, o que parecia ser um pedido de ajuda na busca pela cura do câncer logo se transforma em um enigma de difícil solução. Um segredo capaz de mudar os rumos da humanidade e colocar uma poderosa corporação no centro das investigações. Assim, uma pergunta permanece: será que Geraldo tirou a própria vida ou foi silenciado?


💭 CONTEXTUALIZANDO
     Uma ficção científica com base sólida em genética, escrita por quem domina o assunto. Mesmo não sendo meu gênero favorito, me envolvi totalmente na trama. A temática genética sempre me atraiu e, neste caso, ainda me fez relembrar conteúdos da minha formação.
    A representatividade foi inserida de forma natural, sem soar forçada, e as personalidades dos personagens ficaram bem definidas. As reviravoltas me surpreenderam na maioria das vezes — o que é excelente — e as reflexões propostas são fortes, permitindo diferentes interpretações.
    Em alguns momentos, senti falta de uma linha do tempo mais clara e de uma apresentação mais gradual dos personagens, ao invés de concentrada em capítulos específicos. Nada, porém, que comprometa a experiência de leitura.
      Se você gosta de tramas com mistérios, símbolos e mensagens cifradas, "Alfa-Hélice" é para você. Uma bela obra de estreia de um autor nacional.
     Recomendo muito!

Leonardo Santos

@poraoliterario

   O ponto de partida do livro é o suicídio de Geraldo, um professor universitário e cientista muito respeitado que enfrentava câncer. A partir disso, acompanhamos a trajetória de dois personagens que são afetados diretamente pela morte dele: Antônio, um ex-aluno que tinha grande admiração pelo professor, e Gabriela, sua sobrinha, que passou anos afastada do tio e agora precisa lidar com a culpa de nunca ter se reaproximado.

     O livro se divide entre perspectivas: Antônio se vê completamente obcecado pela ideia de entender o que levou Geraldo a tirar a própria vida e, movido por esse impulso, começa a investigar os últimos passos do professor, principalmente quando recebe uma herança no mínimo inusitada: parte do tumor do falecido professor.

      Já Gabriela lida com a tragédia de forma mais introspectiva, principalmente ao tentar revisitar o passado e entender onde tudo se partiu. É com uma chamada de Antônio, que diz ter uma notícia chocante a respeito dos estudos da biópsia do tumor que Gabriela passa a se envolver com Antônio e, de quebra, entender um pouco mais sobre o passado do tio e o perigo que ele — e agora Antônio e Gabriela — enfrentam.

     Primeiramente: Esse livro é bem mais eletrizante do que achei que seria! Isso porque o suspense dele é muito bem construído conforme um novo elemento entra em jogo: a empresa multinacional NanoDot. Em vários momentos, me senti lendo um livro do Dan Brown conforme o protagonista vai desvendando algumas mensagens deixadas pelo professor. E olha, que teia complexa e deliciosa.

     Uma coisa que eu preciso citar nessa resenha: Diêgo Madureira tem formação em bioquímica, e isso aparece ao longo de todo o livro, mas não de forma técnica ou excessiva. Os conceitos científicos surgem de maneira orgânica, sempre inseridos dentro da lógica da história. O autor não quer ensinar ciência ao leitor, mas mostrar como ela pode ser parte de uma boa ficção.

      Isso vem desde o próprio título e como ele se transmuta para a narrativa nos níveis mais microscópicos: nas moléculas, nos laços de afeto, nas decisões que parecem pequenas, mas que acabam moldando tudo. O resultado é uma história que transita bem entre o drama pessoal e as implicações éticas da ciência.

      Outro ponto que eu achei interessante é como Diêgo aborda o papel do cientista. Através dos flashbacks na narrativa e dos múltiplos ponto de vista a gente entende quem foi Geraldo para além da figura acadêmica. O livro traz questionamentos sobre até onde a pesquisa pode ir, o que se sacrifica em nome do progresso e como o próprio pesquisador lida com os limites daquilo que descobre.

      Alfa-Hélice é um livro que me surpreendeu bastante. Ele tem um pé na ficção científica, mas o foco está todo nas pessoas, nas emoções que elas evitam, nos vínculos que se perdem, e na tentativa de dar sentido a uma perda. É uma leitura maravilhosa e que fluiu super bem pra mim, casando aquele suspense intelectual/investigativo com um ótimo drama.

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